No balanço do vagão, no gingado da inércia

 

 

No balanço do vagão ele se apoiava, no gingado da inércia ele deixava rolar. No balanço do metrô, Eduardo ouvia sua música e sentia um frio abafado pelas janelas fechadas do trem das sete. A estação estava cheia e foi difícil entrar no coletivo, as pessoas estavam estressadas e apenas o balanço daquele veículo era vivo.

A chuva estava forte quando a última janela foi fechada. Alguns reclamaram, já que os vidros começaram a ficar embaçados. Eduardo, no balanço do metro, não via a hora de chegar ao seu destino, que parecia cada dia mais demorado e complicado. Seria o fim das férias? Seu vagão era o mais cheio? Essas eram as reflexões que o balanço do metro proporcionava: lotação, gente mal cheirosa, irritação e atraso.

Até que soou a campainha anunciando a estação de Eduardo. Infelizmente, por conta da imensidão de pessoas, ele não conseguiu descer. Mais uma vez, Eduardo praguejou e com seu movimento, causou revolta em uma mulher. Ela começou a resmungar e todos também fizeram suas reclamações ao mundo, ao governo e à situação na qual se encontravam.

Eduardo desceu na outra estação e logo respirou um ar diferente. Sentiu suas pernas doloridas por conta do esforço feito para manter o equilíbrio dentro do vagão. No balanço do metro, ele levava sua vida, inerte aos movimentos do vagão que, na chuva ou no sol, balançava, balançava e balançava…

 

 

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