A opressão do amor

O pior que pode acontecer quando se passa por uma situação como esta é perceber o quão inútil é o amor. É quando percebe-se que nem o mais dedicado dos amantes, o mais eloquente dos compositores ou a mais bela das canções pode animar ou recuperar o sentimento que jaz num abismo escuro, frio e úmido.

Não se pode pensar em outra coisa a não ser fugir ou  gritar. Fugir é a mais evidente das opções, já que, assim, pode-se correr da dor e do sofrimento que existe no “estar” presente. Gritar é uma forma de colocar pra fora todos os insultos, os rancores e até mesmo a própria raiva. Raiva que machuca, raiva que engasga e aperta tanto os olhos, que os fazem esvair-se em lágrimas de angústia.

Nem mesmo o Sol pode ser visto, nem mesmo o calor faz sentido. O frio é uma faca bem afiada, capaz de fazer sofrer o mais forte dos guerreiros. Desde o início é assim, o amor maltratado, insultado, corrompido e desprestigiado é o pior dos males. O amor consumido, esquartejado e violentado é a maior atrocidade a ser cometida. Muito pior do que o ódio, do que a indiferença ou do que o esquecimento da morte.

Não se trata de passividade ou de agressividade. Não se trata de falta de humanidade, mas, essencialmente, da falta do mesmo amor. Quem não vivenciou o amor verdadeiro não tem condições de amar. Aquele que teve sua vida assolada pela opressão do amor é o algoz de si mesmo ao subjugar o outro. O amor é absoluto em si, é completo é pleno. Quem nunca amou não têm condições, sequer, de falar sobre ele.

Como retomar à racionalidade em meio a isso? Como conseguir continuar amando sem que seja animador fazê-lo? Acreditar na mudança é possível, mas é promiscuidade ignorar o que já é sabido. Sendo assim, resta amar, resta viver o amor, resta eliminar-se para cuidar do outro. Resta doar-se por mais uma vez até o fim e por quantas vezes preciso for.

2 Respostas para “A opressão do amor

  1. Se nao tiver amor, de nada valeria. Mesmo que doa, amar e pra quem esta vivo. Amei vc neste texto amigo. Saudades. Bjs

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